Negócios digitais, você está preparado? Desde que começamos a escrever esta newsletter, eu e o Paulo, tivemos como objetivo traçar um paralelo entre negócios e a evolução da tecnologia e o mundo digital.
Quero chamar atenção para os mais de 30 anos da WEB e ainda hoje encontramos pessoas que duvidam ou não acreditam no potencial do mundo digital. E não somente para vender, mas para viabilizar e agilizar “a vida”. Bom, com a pandemia e a necessidade de distanciamento social muitos foram forçados a esse aprendizado de última hora. O problema é que quando isso acontece com pequenas empresas pode ser fatal. Diversas reportagens na mídia trouxeram a dura realidade de muitos micro e pequenos empresários que fecharam por não ter conseguido se sustentar apenas com vendas online de uma hora para outra.
E aqui abro um parênteses. Devemos considerar que a ajuda governamental não chegou aos pequenos empresários como deveria obrigando-os a tomar a dura decisão de fechar o negócio e levando ao desemprego. Num momento de crise sanitária fechar os serviços não-essenciais é prioritário. Fecho o parênteses e volto a comentar como valor de marca e a capacidade de evolução dos negócios se mostraram importante neste momento de crise.
Nem todos as reportagens na mídia trazem notícias ruins. Ficamos sabendo de histórias de como o fechamento de alguns lugares afetam a nossa memória… Um restaurante na capital paulista conseguiu uma sobrevida com a ajuda de clientes que se organizaram para fazer a compra de uma refeição sem receber o prato, assim a proprietária pode se capitalizar para organizar o operacional para a transição digital/delivery. O que motivou aqueles clientes foram as memórias afetivas construídas por anos naquele local regular de refeição. São locais que conta a história do encontro entre amigos, de aniversários, de início e finais de namoros, de ressacas, festas, são inúmeras ocasiões, de muitas balbúrdias que guardamos como lembrança de nossas vidas sociais. Afinal, quem não tem história para contar de dentro de um bar ou um restaurante?
A campanha “apoie o pequeno empreendedor” divulgada e promovida pelas redes sociais fez com que muitas pessoas voltasse sua atenção para o comércio do bairro, dando prioridade para aquela lojinha que pouco chamava atenção na ida ou na volta do trabalho. Mesmo com compras pequenas e/ou semanais permitiu que muitas lojas, com vendas pelo whatsapp ou pelas redes sociais – negócios digitais incipientes – conseguisse se manter, ainda que com dificuldades e sem saber por quanto tempo.
Independente de crise sanitária sabemos que o mercado vem mudando drasticamente nos últimos anos – como já comentei em texto passado que construir valor de marca é importante porque o mercado mudou, há muito mais concorrências, o público-alvo é mais seletivo e diversificado, os diferenciais tradicionais não são gatilhos de compras, não são diferenciais competitivos – e isso exige das empresas, sejam elas grandes ou pequenas capacidade de adaptação. Em artigo de Agosto de 2015 publicado no site da agência Ana Couto ela explica que “…O desafio das Marcas é darwiniano. O que significa que quem vai sobreviver não é o mais forte, nem o mais inteligente, mas o que tem mais capacidade de se adaptar às mudanças. Para se ter uma ideia, da lista americana das Marcas da Fortune 500 de 1955, 429 não existem mais. Chato, né? O ambiente de negócios é bem mais nefasto para as Marcas do que a evolução das espécies. Ele mata muito e as causas são diversas…”
E por que muitas empresas não conseguiram se adaptar à nova realidade de negócios digitais? Vou seguir exemplificando com o segmento de restaurantes. Muitos empresários estavam seguindo a vida com sua rotina de abrir o estabelecimento todos os dias, e oferecer como opção aos clientes entregas pelo Ifood, uma opção confortável porém com alto custo. Ter uma presença digital no instagram, talvez um Google Meu Negócio e um site parece ser suficiente, não é? É nessa parte que percebemos que a marca da empresa precisa ser trabalhada, e não somente divulgada. É preciso saber o motivo de estar fazendo aquela ação. Você deve ser perguntar: Para que minha marca tem conta no Instagram? Para que ofereço produtos pelo Ifood? Porque todo mundo faz, não deveria ser resposta, mas é a resposta recorrente.
E quando vem a crise, e aqui independe de qual crise, vemos que mesmo com muito trabalho muitas empresas não conquistaram a confiança de seus clientes como já disse em texto anterior, ser lembrado por seus clientes no momento de compra é o objetivo de toda empresa, mas ser lembrado no momento de crise de forma afetiva é resultado de gestão de marca bem definida.
O que percebemos em muitos gestores é a necessidade de ter retorno financeiro o mais rápido possível e por isso buscam soluções teoricamente já testadas. A consequência inevitável é a fragilidade da marca diante de um mercado consumidor dinâmico e crítico. Quer uma dica? Seja autêntico e diferencie-se dos concorrentes, não seja mais um na multidão. Negócios digitais requer tecnologia, planejamento e capacidade de adaptação. Lembre-se, negócios digitais são feitos por pessoas para pessoas.